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É comum percebermos que perdemos o foco ou a atenção durante a realização de uma tarefa rotineira, às vezes nos prendemos a preocupações e pensamentos que nem fazem tanto sentido e de vez em quando constatamos que mal nos conhecemos: não ter certeza do que estamos fazendo, ou porque estamos fazendo; não ter ideia de onde queremos chegar ou o que nos motiva; ou deixar de estar inteiro no presente remoendo o passado ou criando ansiedades pelo futuro.
Começar a compreender quem realmente somos, se tratando de corpo, mente e alma, é um passo importante para manter um estado de satisfação, talvez até de felicidade, ou mesmo ir em busca deles de uma maneira que faça sentido. Há uma técnica para ir ao encontro desse processo de auto conhecimento e liberdade mental: Mindfulness – ou no Brasil, Atenção ou Consciência Plena.
Esse é um termo difícil de se definir em poucas palavras mas possível de ser compreendido se investigado mais a fundo. Mindfulness é um estado mental consciente, ou uma forma de atenção às nossas ações, reações e sensações. É extremamente associado à meditação, talvez a prática mais eficaz para se atingir a Atenção Plena. Também é bastante associado à doutrina budista: embora o conceito Mindfulness pode ser praticado sem o budismo, o budismo não pode ser praticado sem Mindfulness. No Brasil, também há pesquisas relacionando esse conceito ao campo da medicina comportamental, saúde coletiva, terapia cognitiva e psicoterapia.
Para se atingir a Atenção Plena, é necessário prática diária, focando-se em todos os fenômenos que se manifestam na mente consciente, ou seja, todo tipo de pensamento, sensação, lembrança e emoção. A ideia é que o indivíduo tenha consciência de seus processos mentais, a fim de entender o que originou e qual é a consequência de suas ações, levando ao auto conhecimento e consequentemente a atitudes mais sensatas e paz interior.
Considerando o budismo, a meditação baseada em Mindfulness segue três estágios que nos levam a três propósitos: conhecer a mente, treinar a mente e libertá-la. O primeiro deles se diz respeito a nos compreender e entender o que tem acontecido com nosso corpo, com nossa vida emocional e com a própria mente. É um processo de descobertas, não de julgamentos, e depende de serenidade e quietude. Quando nos focamos na compreensão, não tentamos mudar nada a respeito das nossas atitudes. Para pessoas que estão sempre em atividade tentando fazer coisas acontecerem e se concretizarem, aceitar esse processo de observação pode ser uma mudança radical e até mesmo um alívio.
O segundo estágio remete ao treinamento da mente. Ele parte do princípio que a mente é uma série de processos interativos, ou seja, ela não se mantem estática: ela pode ser treinada e moldada para evoluirmos. Se não formos capaz de moldar nossa mente por nós mesmos, fatores externos o farão, como a mídia ou outras partes da sociedade, e isso nem sempre é bom. Esse estágio de treinamento é extremamente importante pois, uma vez que você passa a se conhecer melhor, você conhece não só as partes boas mas também as partes ruins do seu eu, e isso causa revolta em muita gente. Sendo assim, é fundamental que você também aprenda a aceitar seus conflitos e desenvolver gentileza, compaixão e tranquilidade, com os outros e com você mesmo. Ao invés de tentar controlar todas as condições do mundo, é importante cultivar a habilidade de relaxar, de aceitar e de coexistir com fatores adversos, caso você mudá-los esteja fora do seu controle.
Por fim, depois de se conhecer e de ser capaz de treinar a mente, o objetivo final da Atenção Plena no budismo é atingir o desapego, ou também conhecido como a liberdade do coração. Isso se refere à capacidade de desapegar a julgamentos, desejos, possessões e opiniões alheias, a fim de trazer liberdade e paz à nossa mente e ao nosso coração.
Todos esses estágios funcionam como um ciclo, por um está completamente encadeado ao outro. Quanto mais nos conhecemos, mais fácil é nos treinar e entender do que precisamos desapegar. E quanto mais desapegamos, minimizamos as obstruções de nossa mente, possibilitando que desenvolvamos mais ainda nosso auto conhecimento.
Além da ferramenta da meditação, para desenvolvermos a Atenção Plena há outras técnicas: atenção e treinamento da respiração, atividades como ioga, tai chi chuan e outros movimentos corporais, e mesmo terapias e sessões com profissionais do campo da psicologia ou medicina. Vão desde técnicas simples de serem incorporadas ao dia a dia, até cursos e retiros espirituais.
Considerando o estado mental habitual atualmente, repleto de desatenção, dificuldade de foco e profundidade e reações muitas vezes excessivas a situações – carregando sentimentos de raiva, ansiedade e estresse -, a Atenção Plena é uma alternativa que faz muito sentido para levarmos uma vida mais pacífica. Para finalizar, uma frase de Jon Kabatt-Zin, um dos responsáveis por trazer o conceito de Mindfulness para o ocidente se focando na saúde e bem estar: “Mindfulness é a simplicidade em si mesmo. Trata-se de parar e estar presente. Isso é tudo”.