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Já passou pela sua cabeça que realizar suas compras a partir de uma loja baseada em comércio justo e a partir de grandes multinacionais acarreta em diferenças em diversos aspectos? Diferente do que podemos imaginar, nossas roupas não são todas produzidas da mesma forma. Desde a origem dos produtos, o design, até o produto final e mesmo o que ocorre depois, há grandes diferenças quando se considera uma empresa independente e uma grande companhia. Venha entender melhor.
Quando compramos de grandes produtores, é difícil saber de onde aquele produto realmente vem. Geralmente essas empresas utilizam matérias primas de diferentes fontes, e nem sempre a cadeia de produção é confiável. Um estudo da USFIA (United States Fashion Industry Association) diz que 100% das empresas que têm menos de 100 funcionários tem sua produção terceirizada em 1, 2 ou 3 países apenas, enquanto grandes empresas com mais de 1000 funcionários chegam a lidar com mais de 20 países diferentes. Várias questões podem surgir, como utilização de recursos que prejudicam o meio ambiente, que são de baixa qualidade, ou mesmo que vêm de fontes duvidosas.
Tratando-se de pequenas lojas, é mais fácil saber de onde exatamente os recursos vêm, sendo mais simples ter controle do residual deixado pelo produto que você está adquirindo.
No caso de multinacionais, os volumes são enormes. Essas empresas têm lojas por todo o mundo e precisam suprir demandas de diversos países. Para lojas menores, baseadas em comércio justo, volume vem em segundo plano. Primeiro, o foco é oferecer um produto de alta qualidade, prejudicando o mínimo possível o meio ambiente e tendo uma cadeia produtiva limpa e consciente.
Quando produzidos em grande quantidade, a automatização é a maior possível. Não apenas pela quantidade, mas também pela necessidade de agilizar o processo e otimizá-lo, fazendo mais no menor tempo. Por outro lado, quando a produção é realizada em pequena escala, é possível ter um processo mais manual, muitas vezes até mesmo artesanal, com foco na qualidade, duração e o detalhes de um produto.
Se você está focado na economia, esse é um dos pontos que pode pesar na hora de se comprar de um comércio justo. Grandes companhias, que produzem em grande escala, geralmente são capazes de cobrar menos por seus produtos, a não ser que tenham um posicionamento premium. Isso ocorre porque conseguem manter seus custos menores. No caso de pequenas lojas que têm uma produção reduzida, os custos acabam sendo maiores e precisam ser repassados aos consumidores. Segundo a USFIA, o fator que mais afeta o custo de produção é o custo do trabalho, ou seja, da mão de obra. Ele é seguido pelo custo de matéria prima, envio e por último o custo associado a políticas e regulações do comércio.
Quanto menor a loja, maior a tendência de realizar todos os processos dentro dela, desde design até entrega e serviço ao consumidor. Isso garante maior controle e padronização de qualidade por parte da empresa.
Quando se trata de empresas maiores, muitos dos processos são terceirizados: produção, finalização, entrega, atendimento, dependendo de cada empresa.
Essa é uma questão delicada. Em termos de transparência, a Fashion Revolution realizou uma pesquisa com 40 grandes marcas e apenas cinco delas disponibilizam informações abertas sobre o primeiro nível da sua cadeia de produção. Vinte e quatro dizem que realizam o rastreamento e acompanhamento mas não divulgam as informações e doze não acompanham nem publicam nada. Para a maioria das multinacionais, quase nada do lucro fica na cadeia de produção, sendo que a maior parte fica com os próprios donos, investidores e alto escalão da empresa. As empresas garantem pagar os serviços ou recursos utilizados durante o processo de produção, mas o lucro fica concentrado nas mãos de poucos.
No caso do comércio justo, a ideia é que todas as partes do processo de produção sejam beneficiadas. Não necessariamente o lucro será dividido entre todos, mas as proporções são mais justas, de modo que todos os envolvidos recebam salários honestos e que o lucro final que fica com a empresa não seja tão discrepante do resto.
Quando falamos de comércio justo, mais do que oferecer um serviço ou um produto, também oferecemos um conceito: uma cadeia produtiva consciente, responsável, limpa e aberta. Sendo assim, o objetivo vai além do produto final, ou seja, além de fazer dinheiro ou montar um negócio, no comércio justo há uma grande preocupação social e ambiental por trás do produto ou serviço final. A ideia é que negócios possam impactar positivamente as vidas de todos os envolvidos.
Claro que há multinacionais que também têm tais preocupações, porém casos como esse são mais difíceis de ser encontrados. Todos nós já nos deparamos com escândalos de grandes empresas, principalmente no setor têxtil e fashion, que oferecem péssimas condições de trabalho para seus funcionários, às vezes até mesmo ilegais. Na grande parte dos casos, o objetivos dessas empresas é maximizar seu lucro, oferencendo produtos de baixa qualidade - que serão substituídos em pouco tempo -, e de baixo custo - o que é refletido numa cadeia de produção nem sempre honesta.
Vale ressaltar que não estamos pregando o vilão e o mocinho. Podemos encontrar tanto uma multinacional fazendo um trabalho justo e limpo, quanto um empresa pequena tendo práticas indevidas. Porém, quando se trata de empresas que se focam no comércio justo, a ideia é exatamente promover a consciência dentro do negócio - e a Calça Thai caminha sempre com essa essência!